Polícia encontra cheque da mãe de candidato ao Senado de Bolsonaro no quarto do chefe da Casa Civil
Cheque de 150 mil reais é de Aparecida Scheid, mãe do pré-candidato ao Senado, Bruno Scheid, que já recebeu vários apoios públicos do ex-presidente Jair Bolsonaro; Ela citou que “sensibilizada” teria emprestado quantia para Elias Rezende
Do Tudo Rondônia
Um cheque no valor de R$ 150 mil, apreendido pela Polícia Civil no quarto de hotel alugado por Elias Rezende, atual chefe da Casa Civil do Governo de Rondônia, aparece em um inquérito criminal conduzido pela 1ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
A investigação apura possíveis crimes na contratação da empresa R&A Treinamento e Consultoria Ltda para digitalização de documentos no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) durante a gestão do governador Marcos Rocha (União Brasil).
A investigação, que já acumula mais de 700 páginas, aponta indícios dos crimes de associação criminosa, dispensa ou inexigibilidade indevida de licitação e fraude ao caráter competitivo do certame, conforme a Lei de Licitações.

Estão sendo investigados, além de Elias Rezende de Oliveira (ex-diretor do DER), os nomes de Davi Machado de Alencar, Fabrício da Silva Leme, Irving Borges Vitorino e Robson de Souza Monteiro.
O cheque em questão não teria, a rigor, nada a ver com esta investigação específica, mas acabou apreendido pela polícia com Elias e foi citado em depoimento prestado à Draco por Aparecida Scheid, dona de fazendas e mãe do pré-candidato ao Senado Bruno Scheid, político bolsonarista que já recebeu apoio público do ex-presidente Jair Bolsonaro para o Senado em 2026.
Amizade e divergências
Aparecida relatou que conheceu Elias Rezende em 2018, durante a campanha de Marcos Rocha ao Governo do Estado. Na ocasião, Elias atuava como coordenador da campanha e participou de reuniões organizadas na casa dela, em Ji-Paraná.
Segundo o depoimento, a pecuarista Aparecida afirmou que hospedava Elias com frequência quando ele viajava ao interior e que, em determinado momento, ele teria solicitado um empréstimo para concluir a construção de uma casa em Jaru.

Ela relatou que,” sensibilizada”, emitiu o cheque de R$ 150 mil com data futura para dar tempo de levantar o valor. O cheque, contudo, nunca foi compensado, pois, segundo ela, sua empresa enfrentava restrições cadastrais na época.
Um detalhe curioso: a pecuarista “emprestou” o cheque a Elias e pagou móveis planejados para a casa dele na época em que o atual chefe da Casa Civil estava à frente da Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
A data da emissão do cheque é 04/03/2020 e foi pré-datado para 27/07/2020. Ele deixou o comando da Sedam em junho de 2020. Outra curiosidade: a mãe de Bruno Scheidt declarou que, quando emprestou o cheque, Elias estava no DER. Mas as datas não coincidem. E a polícia não ligou os fatos.
Além disso, Aparecida declarou que chegou a pagar R$ 160 mil em móveis planejados para a casa de Elias Rezende, com material e mão de obra arcados por ela mesma, um presente de uma empresária do agro a um agente público responsável pelo meio ambiente.
O pagamento não foi reembolsado, e os dois teriam se afastado por divergências políticas após Marcos Rocha migrar para o União Brasil, enquanto ela permaneceu apoiando o grupo de Bolsonaro.
O cheque acabou esquecido com Elias e foi encontrado pela polícia durante diligências no curso da investigação. A origem do documento e a justificativa apresentada pela depoente chamaram a atenção dos investigadores, uma vez que envolvem recursos expressivos e ligações com figuras públicas de destaque.

A R&A foi contratada para serviços no DER e o contrato, segundo o inquérito, está cercado de suspeitas de irregularidades, incluindo indícios de direcionamento e combinação prévia entre agentes públicos e a empresa beneficiada.
O chefe da Casa Civil permanece no cargo.