Encontro Internacional do Audiovisual no Rio destaca Canais Comunitários e impulsiona negócios no setor
Latan Content Meeting no Rio de Janeiro fomenta negócios, discute o futuro da distribuição de conteúdo e levanta preocupações sobre o acesso à informação pública na era do streaming, com foco na regulamentação e no papel crucial dos canais comunitários.
Rio de Janeiro sedia Latan Content Meeting e reforça papel das TVs comunitárias na era do streaming
O Rio de Janeiro consolida sua posição como polo de inovação e negócios no setor audiovisual com a realização do Latan Content Meeting, evento que reúne produtores, distribuidores, especialistas e líderes globais do mercado de conteúdo. Com Copacabana como cenário, o encontro promove a economia criativa brasileira, fomentando trocas de conhecimento, networking estratégico e debates sobre os desafios e oportunidades do mercado global.
Erasto, representante da Com Brasil no Rio de Janeiro, presidente da TV COM AREAL e líder do movimento de canais comunitários no estado, destacou a importância do evento para a convergência das mídias e a expansão das fronteiras para criadores independentes. “Antes, tínhamos o tripé do cinema: produtor, exibidor e distribuidor. Hoje, a internet democratizou o acesso, conectando todos os elos da cadeia produtiva”, afirmou. Ele ressaltou que a tecnologia permite que produtores independentes alcancem um público global sem intermediários, abrindo novas oportunidades de receita e visibilidade.
Um dos temas centrais do evento foi a distribuição de conteúdo público na era do streaming. Com a migração de plataformas como a Claro Box substituindo as tradicionais caixas de TV a cabo, surge a preocupação com o acesso aos canais obrigatórios, como TV Câmara, TV Senado, TV Justiça e os canais comunitários. A falta de regulamentação específica para o streaming pode comprometer a distribuição desses canais, essenciais para a disseminação de informações de interesse público e o fortalecimento da democracia.
Erasto lembrou que a Lei do Cabo garante a distribuição dos canais obrigatórios. “Se a tecnologia mudou, a lei precisa evoluir para garantir que esses canais continuem acessíveis, independentemente da plataforma”, defendeu. Ele propôs a criação de uma cota mínima de canais públicos em plataformas de streaming, similar ao que já existe na TV a cabo, para assegurar o acesso à informação. “A regulamentação deve ser flexível para acompanhar as novas tecnologias, mas firme em seu propósito de garantir o direito à informação”, afirmou.
O debate também destacou o papel crucial dos canais comunitários e das TVs legislativas na promoção da cidadania e na transparência do trabalho parlamentar. Erasto enfatizou que, em um país de dimensões continentais como o Brasil, é fundamental que o cidadão tenha acesso fácil a informações locais e nacionais. “O cidadão exerce sua cidadania no município. Ele precisa acompanhar as decisões da câmara municipal, cobrar seus representantes e ter acesso a notícias que impactam sua vida”, explicou. Ele citou o exemplo de canais comunitários que transmitem ao vivo as sessões das câmaras municipais, permitindo que a população acompanhe as decisões em tempo real.
Apesar dos desafios, o evento celebrou o potencial da internet para democratizar o acesso à informação. Erasto destacou o crescimento de TVs legislativas que, mesmo sem um canal de TV tradicional, utilizam plataformas como YouTube e Facebook para transmitir suas programações. “A internet é uma ferramenta poderosa. Precisamos nos adaptar às novas tecnologias sem perder de vista a missão de fortalecer a cidadania e garantir acesso à informação de qualidade”, afirmou.
O Latan Content Meeting, realizado no histórico Rio Othon Palace, também resgatou a trajetória do local como marco da comunicação no Brasil.
Erasto lembrou que, anos atrás, o hotel foi palco da primeira transmissão ao vivo de um grande evento pela internet no país. “Estamos em um lugar com DNA de inovação e comunicação. O Rio de Janeiro continua na vanguarda do setor audiovisual”, celebrou.
