Coluna Ponto Crítico – Por Felipe Corona
Marcos Rocha lidera farra das diárias internacionais com aumento de valores dado por ele mesmo; Júnior Gonçalves revela uma parte e esconde outras “verdades”
Nas nuvens
Viajando Rocha. Assim podemos chamar “carinhosamente” nosso querido e dileto governador, que está cada vez mais ausente do estado que ele supostamente comanda e cada vez mais caro. Desde janeiro de 2023, Marcos Rocha determinou que a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Sepog), por meio da Portaria nº 17/2023, aumentasse o valor das diárias de viagens internacionais, de US$ 416 para US$ 741, um aumento de quase 80%.
Nas nuvens 2

A mudança foi feita sem estudo técnico, sem debate legislativo e publicada discretamente no Diário Oficial, no dia 10 de janeiro, aproveitando o período de recesso institucional. A medida coincidiu com o início de uma maratona de viagens internacionais do chefe do Executivo. O site Rondoniagora teve acesso a mensagens enviadas à Assembleia Legislativa, entre 2023 e 2025.
Nas nuvens 3
Os documentos revelam o que TODO MUNDO JÁ SABE: Marcos Rocha passou 190 dias fora do estado, o equivalente a mais de seis meses em compromissos no exterior. De feiras de pescado nos Estados Unidos à conferências climáticas no Azerbaijão (COP 29), passando por Israel (duas ou três vezes), Japão, China, Bolívia e Peru. O governador participou de agendas descritas como “estratégicas”, mas que na prática, não resultaram em nada concreto para o povo rondoniense.
Nas nuvens 4
Segundo levantamento feito pela reportagem com base em documentos oficiais, Marcos Rocha já embolsou mais de R$ 615 mil apenas em diárias. Com os cinco integrantes habituais de sua comitiva, o custo salta para R$ 3,7 milhões. Isso sem considerar passagens aéreas, hospedagens extras, tradutores, intérpretes e outras despesas administrativas pagas com dinheiro público.

Nas nuvens 5
O jornal levou em consideração somente as viagens internacionais, cujos documentos oficiais podem comprovar a veracidade dos fatos. Mas, como não há transparência nos processos de deslocamento (não há nada nos portais do próprio governo), sob o pretexto de sigilo por segurança, os valores podem ser bem maiores se somadas as diárias com viagens nacionais e intermunicipais.
Resultados: zero
A maioria das viagens tem justificativas genéricas, como “estreitar laços”, “buscar investimentos” ou “fortalecer relações internacionais”. Contudo, não há relatórios técnicos, contratos assinados ou projetos implementados que comprovem os supostos benefícios dessas missões oficiais. O governo também não apresentou nenhuma prestação de contas detalhada dos resultados alcançados.

Resultados: zero 2
Um exemplo é a participação de Marcos Rocha na COP28, nos Emirados Árabes. O evento contou com extensa cobertura da comunicação institucional do governo, mas nenhuma ação concreta foi anunciada em Rondônia após o retorno da comitiva. A mesma situação se repete com as viagens ao Japão, à China e a Israel. Ano passado, só aos Estados Unidos ele foi três vezes!
Silêncio das instituições
O reajuste do valor das diárias foi feito por ato exclusivo do governador, que deu um aumento para ele mesmo! Não houve nenhuma consulta prévia à Assembleia Legislativa ou à sociedade civil. A reportagem não localizou nenhum parecer técnico, auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RO) ou manifestação do Ministério Público de Contas sobre o tema.
Farra com dinheiro público
A ausência de controle reforça a crítica de que Marcos Rocha tem usado o cargo para ampliar benefícios pessoais. Com a nova diária, o governador recebe mais de R$ 3.700 por dia fora do país, valor superior ao salário mensal de grande parte dos servidores públicos de Rondônia. Com a diferença é que o trabalhador vai de bicicleta ou de ônibus para o trabalho. Já o governador…

Farra com dinheiro público 2
Na prática, quanto mais viaja e quantos dias mais fica, mais Marcos Rocha ganha. E o modelo de comitivas internacionais, com diárias pagas a todos os acompanhantes, criou uma estrutura paralela de bonificação institucional, sem qualquer exigência de contrapartida real. Enquanto a população morre nos corredores do João Paulo II, o governador deve ficar ansioso pela próxima “trip”…
Farra com dinheiro público 3
As missões internacionais do governo viraram um “fuzuê”, com grande divulgação em redes sociais, mas sem transparência sobre critérios de escolha ou resultados esperados. O mesmo efeito de um picolé de chuchu. No silêncio das instituições, Marcos Rocha segue acumulando carimbos no passaporte e valores altos no contracheque. E o principal: sem ser INCOMODADO ou COBRADO!
Farra com dinheiro público 4
E olhando os documentos que o Rondoniagora divulgou, as viagens internacionais do chefe do Executivo nunca são de três, quatro ou cinco dias. Sempre são acima dos 10, 12 dias, NO MÍNIMO! Se levamos em consideração a duração normal de suas ausências do Palácio Rio Madeira (antigo CPA), ele garante em média de 37 a 44.440 reais POR VIAGEM!

Tô invisível
Quem não lembra da crise de janeiro deste ano, quando facções “tocaram o terror” em Rondônia e a população se perguntava: onde está o governador? De férias, em praias nordestinas, recarregando as baterias. Afinal, viajar demais, de Primeira Classe ou Executiva, ganhar quase 50 mil reais a mais por cada ausência é demais… Imagino o trabalhador que enfrenta horas de ônibus para o serviço.
Tô invisível 2
E a desculpa institucional bolada para amenizar o fato da ausência do grande líder rondoniense (contém ironia) é que ele “não conseguia voos para retornar”. Ora, difícil é para quem é pobre e parcela a suas passagens em 10 ou 12 vezes. Para quem ganha salário de quase 50 mil reais por mês, fora esses “extras” por participar de eventos tão “extenuantes”, não é complicado mesmo.
Tô invisível 3
Enquanto as coisas pegavam fogo com uma prometida entrevista de Júnior Gonçalves (vamos falar disso a seguir) sobre suposta corrupção no governo de Marcos Rocha e declarações impactantes do vice e irmão de Júnior, Sérgio Gonçalves, adivinhem o que o governador estava fazendo??? Viajando para Israel, que está em conflito há séculos com a Palestina.

Tô invisível 4
O trem da alegria para a “Terra Santa” envolveu prefeitos, vice-prefeitos de várias partes do país, além da sua comitiva sempre alerta para viagens internacionais. Quando o Irã começou a bombardear Tel-Aviv (capital de Israel), o governador teve que estender a contragosto sua viagem. Resultado: mais diárias para ele e seus fiéis acompanhantes. Resta saber até quando fica por aqui.
Onipresente
A Assembleia Legislativa e seus nobres deputados ainda resolveram dar um presente para Marcos Rocha: agora ele pode comandar o Estado por vídeochamadas ou mensagens de WhatsApp. Isso tudo após a crise com o vice Sérgio Gonçalves. Isso é para evitar que ele assuma o comando do barco, enquanto o “amigo de Bolsonaro” fica flanando por aí, entre um e outro voo internacional.

Mais ou menos
Para quem esperava uma “entrevista bombástica” de Júnior Gonçalves na semana passada, acabou frustrado. Tirando a parte que ele chamou o governador viajante de “covarde”, além de denunciar corrupção (que já sabemos) e uma suposta arapongagem, que envolve alguns profissionais da Polícia Civil. Como dizia vovó: quem tem rabo de palha, passa longe do fogo.
Mais ou menos 2
Um dos pontos graves da coletiva foi a denúncia de “arapongagem” (termo utilizado para descrever ações de espionagem ou monitoramento clandestino) supostamente dentro do governo. Segundo ele, há um sistema para investigar adversários políticos e desafetos, em uma estrutura articulada com apoio do deputado Ribeiro do Sinpol, que segundo Júnior, “quer mandar na Polícia Civil”.
Importante
Outro ponto tenso foi a acusação sobre o contrato entre o Detran-RO e uma empresa levantando suspeitas de favorecimento. Júnior destacou o tema no sentido de lembrar que a empresa era, anteriormente, gerenciada pelo irmão do governador — hoje ocupando o posto de diretor-geral do próprio Detran. Sandro Rocha está com toda a pinta de ser candidato a deputado estadual.
Importante 2
Júnior deu a entender uma suspeição, sugerindo o que poderia ser conflito de interesses e que também poderia haver possíveis irregularidades no processo de contratação. “Se quiserem investigar algo, comecem pelo Detran. Lá vocês terão muitas respostas”, disse Júnior de forma resumida.

Por dentro de tudo
O ex-chefe da Casa Civil ainda deixou claro que o governador sempre soube de tudo, assim como sua esposa, que teria papel ativo nas decisões políticas e administrativas. “A Casa Civil não é ordenadora de despesas. Quem coordenava tudo era ele e a primeira-dama”, afirmou, querendo ficar longe de possíveis problemas administrativos, judiciais e criminais que possam surgir.
Silêncio
Como sempre, como o governador itinerante estava fora de Rondônia, gravando vídeos importantes e animando seus funcionários comissionados de “bunkers” em Israel, sobre as entrevistas de Júnior e Sérgio Gonçalves, ele comeu “abiu”: ficou calado. Nada foi divulgado nem por ele, nem por sua assessoria de comunicação. Acho que ele já está preocupado com a campanha do ano que vem…
*Parte dos tópicos da coluna foram escritos com informações divulgadas pelo site Rondoniagora no dia 11 de junho.
**Os sites que publicam esta coluna reservam o direito de manter integralmente a opinião dos seus articulistas sem intervenções. No entanto, o conteúdo apresentado por este “COLUNISTA” é de inteira responsabilidade de seu autor.