COLIGADO COM O BOLSO: Irmão do prefeito recebeu mais de R$ 45 mil de salário em junho
Muitos cargos, salários altos e jetons (gratificações): é dessa forma que a gestão Léo Moraes está caracterizada nos sete primeiros meses; a contenção de gastos é só para a população e servidores públicos
Por Felipe Corona – TVC Amazônia*

Na sua estreia como prefeito de Porto Velho, Léo Moraes vestiu o figurino do gestor responsável: falou em crise, em “rigidez fiscal”, na “herança maldita” da gestão anterior e prometeu apertar os cintos da máquina pública.

A promessa era de austeridade. Mas, como sempre, o discurso ficou para o povão. Na prática, o corte de gastos parece ter um endereço bem específico — e não é na casa do irmão do prefeito.
Segundo o Portal da Transparência, Paulo Roberto Oliveira de Moraes Júnior, irmão de Léo Moraes, levou para casa a bagatela de R$ 45.758,88 líquidos em junho. No contracheque bruto, o valor ultrapassa os R$ 53 mil — isso somando salário, gratificações e um adiantamento do décimo terceiro. Sim, você leu certo: enquanto a população escuta sermão sobre crise, tem secretário familiar recebendo bônus antecipado.
No total, apenas no primeiro semestre de 2025, Paulo Júnior já abocanhou mais de R$ 216 mil em dinheiro público. Uma média mensal que não combina nem um pouco com o discurso de “eficiência” e “modernização” da gestão.
Enquanto a prefeitura despeja nas redes sociais uma enxurrada de cards e vídeos com promessas de economia, o núcleo duro do governo — especialmente o núcleo com o mesmo sobrenome do prefeito — segue com os privilégios intactos e, aparentemente, em alta.
Na última apresentação de contas, Léo Moraes disse que a cidade poderá fechar o ano com superávit de R$ 270 milhões. Mesmo assim, reforçou a necessidade de “revisar despesas” e manter “rigor nos contratos”. O problema é que o rigor parece ser só para contratos de terceirizados e servidores rasos — no alto escalão, o céu é o limite.
A pergunta que fica: como justificar um contracheque de mais de R$ 45 mil num mês em que a prefeitura jura fazer sacrifícios? Como defender bônus e gratificações enquanto os programas sociais são revisados, os serviços públicos encolhem e a população aperta o cinto?
A resposta é simples — não se justifica. O discurso de crise vale para os de fora. Para os de dentro, especialmente os de dentro da própria família, a crise passa longe. Afinal, austeridade é bonita no microfone. No contracheque do clã, nem tanto.
*Com informações do FatosRO.
