PRECARIEDADE: TCE realiza fiscalização em hospitais do Estado e aponta sérias irregularidades
Auditoria abrangeu estrutura física, equipes e materiais; Tribunal recomendou ações imediatas ao governo

Da redação TVC Amazônia
O Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO) realizou uma extensa fiscalização em unidades hospitalares administradas pelo governo estadual e identificou diversas falhas graves. A ação, que recebeu elogios de servidores e pacientes, teve como objetivo avaliar as condições de atendimento e infraestrutura das unidades de saúde.
Lucivaldo da Costa, motorista que acompanhava a mãe em atendimento, destacou a importância da iniciativa: “É bom ver que o TCE está fiscalizando. Isso dá esperança de melhorias”, disse.
A inspeção ocorreu no domingo (13) e incluiu visitas ao Pronto-Socorro João Paulo II, Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, Hospital Infantil Cosme e Damião e ao Cemetron, este último especializado no tratamento de doenças infectocontagiosas.

Durante a ação, os auditores entrevistaram profissionais, analisaram documentos e registraram imagens das condições encontradas. Os gestores estaduais foram comunicados, ainda no mesmo dia, sobre os problemas detectados.
A meta da fiscalização é promover melhorias no atendimento à população e nas condições de trabalho dos profissionais da saúde pública estadual.
João Paulo II: aparelhos quebrados e superlotação preocupam
Na unidade João Paulo II, os auditores constataram que o aparelho de raio-X ainda está fora de operação, mesmo após notificação anterior feita pelo TCE na última sexta-feira (11). Equipamentos vitais, como tomógrafo e ventiladores mecânicos, também apresentavam defeitos.
A unidade enfrenta superlotação constante, com pacientes sendo acomodados em corredores. A infraestrutura está comprometida, com infiltrações, banheiros em más condições e mobiliário improvisado. A limpeza é deficiente, com panos reutilizados na higienização das mãos e falta de materiais básicos, o que pode aumentar o risco de infecções.
Cosme e Damião: falta de pessoal e problemas persistentes
No Hospital Infantil Cosme e Damião, os fiscais identificaram ausência de profissionais em plantões, equipamentos sem funcionamento por falta de manutenção e infraestrutura deteriorada. As falhas nos sistemas de ar-condicionado, já denunciadas anteriormente, continuam sem correção. A superlotação também é um problema constante na unidade.
Hospital de Base: falta de profissionais e estrutura deficiente
A inspeção no Hospital de Base revelou escassez de profissionais, especialmente no Centro de Obstetrícia, onde a triagem de risco dos pacientes estava comprometida. Gestantes em trabalho de parto aguardavam atendimento nos corredores.
A UTI Neonatal também opera com número reduzido de profissionais. Além disso, há problemas como vazamentos, ausência de sala de recuperação pós-anestésica e banheiros inapropriados. Faltam ainda insumos básicos, como seringas, luvas, gaze e termômetros.
Cemetron: Aparelhos com falhas e riscos estruturais
No Hospital Cemetron, apenas um aparelho de gasometria está disponível e o equipamento de bioquímica apresenta falhas recorrentes. Equipamentos médicos estavam armazenados em corredores e áreas externas, sem proteção adequada.
O local também sofre com quedas frequentes de energia elétrica, o que representa risco direto aos pacientes. Faltam reagentes laboratoriais, não há sala adequada para exames de raio-X e o abrigo de resíduos é utilizado como depósito, com lixo comum deixado a céu aberto.
TCE cobra providências imediatas do governo
Diante das constatações, o TCE reforça a urgência de ações por parte do governo estadual para assegurar a qualidade dos serviços de saúde, a segurança dos usuários e a integridade das instalações hospitalares.
Os dados levantados pelas inspeções fundamentarão os próximos encaminhamentos do Tribunal, que tem como missão institucional exercer o controle das políticas públicas e induzir melhorias efetivas nos serviços oferecidos à população.