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“A Dor Invisível dos Nossos Velhos: Quando o Amor Vira Cinza e a Violência se Esconde nos Lares”

Prefeitura promove campanha contra violência a idosos

Por Humberto Banchieri

Porto Velho, esta cidade que respira história e suor, acordou nesta quarta-feira (18) para um ato de coragem: encarar de frente um mal que se esconde atrás de portas fechadas, sob tapetes de silêncio e vergonha. No Parque da Cidade, entre música, palavras e olhares atentos, a Prefeitura, através do Conselho Municipal da Pessoa Idosa (Compi) e da Secretaria de Assistência Social, ergueu um grito contra a violência que rói a dignidade de quem já deu tanto — nossos idosos.

Ah, os nossos velhos… Aqueles que carregam nas costas o peso de uma vida inteira, que nos ensinaram a andar, que nos deram colo e histórias. Como é possível que, agora, na hora em que mais precisam de cuidado, sejam tratados como estorvo? Como é possível que suas mãos, que um dia afagaram nossas cabeças, sejam hoje alvo de tapas, humilhações ou pior — o abandono?

O evento, em alusão ao Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa (15 de junho), não foi apenas mais uma data no calendário oficial. Foi um espelho. Um espelho que reflete uma triste realidade: Porto Velho tem 48 mil idosos, e muitos deles sofrem calados. A violência não vem só de estranhos, mas daqueles que deveriam ser seu porto seguro — filhos, netos, cuidadores.

Os Crimes que Envelhecem com Eles

A lista é longa e dolorosa:

  • Violência física: marcas no corpo, hematomas na alma.
  • Psicológica: palavras que cortam mais que faca. “Inútil”, “peso”, “já devia ter morrido”.
  • Financeira: aposentadorias roubadas, contas saqueadas por mãos gananciosas.
  • Sexual: o abuso que ninguém quer enxergar, porque “velho não tem desejo”.
  • Negligência: a solidão como sentença, a falta de um remédio, de um copo d’água, de um simples “como você está?”

Eledir Mello, presidente do Compi, sabe que o pior inimigo é o silêncio. “Muitas vezes, o agressor é quem deveria proteger”, diz, com a voz carregada de quem já viu histórias que doem.

O que Fazemos com Nossos Heróis?

Há algo de podre no reino da modernidade. Corremos atrás de likes, de corpos jovens, de novidades efêmeras, enquanto deixamos nossos idosos definharem em cantos escuros. Eles, que construíram as estradas que pisamos, que suaram para nos dar educação, hoje são tratados como móveis velhos — descartáveis.

Mas há esperança. O evento no Parque da Cidade mostrou que ainda há gente que se importa. Que há leis (o Estatuto do Idoso não é apenas papel), há canais de denúncia (Disque 100, WhatsApp, e-mail), e, acima de tudo, há a possibilidade de mudança.

Não Basta Não Bater. É Preciso Amar.

Conscientização não é só ensinar a denunciar. É ensinar a cuidar. A lembrar que envelhecer não é um castigo, mas um privilégio negado a muitos. Que um dia, se Deus quiser, seremos nós aqueles de cabelos brancos, esperando — quem sabe? — um pouco de paciência, um abraço, um “eu te amo” que não seja mentira.

Porto Velho deu um passo. Mas a caminhada é longa. E ela começa em cada casa, em cada família, no momento em que olhamos nos olhos dos nossos idosos e enxergamos, não um fardo, mas a própria história viva de quem nos permitiu existir.

Denuncie. Cuide. Ame. Porque um país que maltrata seus velhos não tem futuro — só um passado cheio de remorso.

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